Até o presente momento, o tempo e os fatos têm me dado razão para não confiar no trabalho de Flávio Lopes.
Eu cantei a bola assim que foi anunciada a contratação deste treinador.

Conforme Diego Ivan falou, Flávio Lopes virou um "treinador de terceira" justamente or essas teimosias e pela falta de uma visão mais simples e lógica dos jogos. Isso já ficou patente na sua primeira passagem em 2005, principalmente no Campeonato da Série C daquele ano, quando sem sombra de dúvidas o ABC tinha um dos melhores elencos daquela competição e foi eliminado infantilmente pelo Treze - um time que até então era um freguês e historicamente presa fácil do Mais Querido.
Me lembro bem das presepadas que FL fez durante aquela competição:
-No início da competição afasta subitamente o ala Marciano, que estava no melhor da sua forma física e técnica;
-Depois tentou afastar o Nego e começou a inventar Marquinhos Mossoró na lateral-direita;
-Insistiu até onde deu com Luizinho Vieira, que estava em má-fase;
-Na 3a fase o ABC traz Fabiano Gadelha, que inclusive marcou o gol da vitória naquele jogo decisivo contra o Treze. O natural era que no jogo da volta ele fosse escalado como titular, no lugar de Sérgio Alves que se arrastava em campo. Porém, o teimoso manteve o jogador em campo e Gadelha só entrou quando a vaca praticamente já tinha ido para o brejo.
Em 2009 o filme se repete. FL banca o gostosão e começa a fritar os melhores jogadores do ABC. Ricardinho, Sandro e Júnior Negão que o digam. Incluiria nessa lista o Bosco, que mesmo estando em péssima fase é um bom jogador. E os bondes privilegiados da vez são Gedeon e Selmir.
No entanto, FL não é o único treinador a apresentar estranhas taras por jogadores bastantes limitados, mesmo tendo a sua disposição atletas melhores qualificados que os seus queridinhos.
Vendo os arquivos do futebol brasileiro, me vem a mente o Cláudio Coutinho, que para a
Copa de 1978 teve a audácia de deixar de fora Falcão, Marinho Chagas e Júnior Capacete, e em seu lugar entraram o Chicão, o Pollozi e o Amaral. Coutinho ainda teve a idéia genial de colocar o zagueiro Edinho para atuar na lateral-esquerda.
Outro exemplos grotescos de teimosia a nível nacional foram:
-Sebastião Lazaroni na Copa da Itália em 1990, quando por vaidade boicotou jogadores do futebol paulista e em seu lugar levou atletas em franca decadência como Tita e Alemão, e na hora de escalar o time inventou o líbero mesmo sabendo que no futebol brasileiro não havia um jogador que soubesse fazer essa função.
-O obscuro Carlos César, que treinou o Flamengo no Camp. Carioca de 2000, quando ele deixava Petkovic no banco para dar vez ao Tuta ou ao Mozart. Com essas manias, não precisa nem dizer que esse prancheteiro já deve ter abandonado a carreira;
-Joel Santana que em 2007-08 deixou o promissor Renato Augusto no banco para prestigiar Jaílton e Toró. O castigo veio com aquele histórico vexame que o time carioca passou em face do América-MEX de Cabañas.
O ABC nos últimos anos tem sido prodígio em trazer treinadores com taras estranhas.
Quem não se lembra de Roberval Davino, que queimou sua carreira no ABC porque insistia demasiadamente em Guim, Willians, Lau, Adelino e outros inominados?
O respeitado e vitorioso Ferdinando Teixeira também tinha essas manias. Em 1999 ele tinha um timaço a sua disposição mas mesmo assim o ABC quase foi rebaixado para a Série C naquela ocasião por suas teimosias.
Em 2007-2008 virou um clássico a predileção do treinador por Adelmo, mesmo que para isso ele colocasse Márcio Hahn e Alexandre Oliveira no banco de reservas. E se não fosse a diretoria e a pressao da torcida, a gente ainda teria que engolir por muito tempo o lutador de sumô Vinícius vestindo a camisa 11 do ABC.
Mesmo o Arthur Neto também tinha uma estranha tara pelo fraco volante Marcelinho, jogador que teve a façanha de entrar no segundo tempo e 5 minutos depois fora substituído por deficiência técnica gritante. E jogos depois lá estava o fagimerado dublê de volante jogando - PASMEM! - com a camisa 10! Um ultraje para a Frasqueira!
Heriberto da Cunha foi um capítulo longo.
Inventou o fraco Élton como ala-direita mesmo tendo a disposição o jovem Paulinho que se destacara na Copa SP de juniores e estava pronto para subir para o time profissional. Depois insistiu em pernas-de-pau como Gleydson, Tiago Gaúcho, Beto e Tales na ala-esquerda só para boicotar o promissor Delano.
Impotente em barrar o futebol emergente de Fabiano, fez de tudo para queimar o jogador, que quase nunca era escalado na sua posição original, pois era líquido e certo que ele desbancara com facilidade o dublê de jogador Cauê. Mas tinha que se privilegiar os jogadores da caravana do HC!
Mudou o treinador, mas o sucessor de HC também era um "tarado". Arthurzinho tem currículum vencedor, mas no ABC sua passagem ficou marcada pelas insistências nos fraquíssimos Fabiano Silva, Fausto, Marco Aurélio, Ademar e Roque. Por conta disso, foi demitido.
Enfim, verificando esse breve histórico, chegamos a conclusão de que cabeça de treinador é que nem bundinha de bebê: nunca se sabe o que pode sair de lá.
Gustavo Lucena
