segunda-feira, 6 de agosto de 2012

É preciso encontrar soluções para melhorar o público no Frasqueirão

Mesmo diante da curva ascendente do ABC na Série B, vejo que os públicos no Frasqueirão não apresentam melhora substancial.

Muito embora sempre haja as suspeitas de públicos maquiados, sábado passado, eu não vislumbrei um público maior que 5 mil. Vi o 1o tempo no M4 e visualmente falando, o M2 não tinha 50% da sua capacidade ocupada, havia muitos espaços nas pontas do módulo. O M3 então, nem se fala. No 2o tempo fui p/ o M2 e constatei a mesma coisa: as capacidades do M1 e M4 estavam com uma ocupação menor que 50%.

A renda ontem foi de R$ 55 mil. Só deu pra pagar o salário de Washington.

Públicos pífios como o de sábado só faz aumentar a munição e motivação do lobby a favor do aluguel p/ o rival. Infelizmente é a realidade. E o próximo confronto no Frasqueirão será numa terça-feira as 21:50hs, a tendência é de outro público pequeno. O assunto do aluguel só será morto quando descobrirem um mecanismo no qual traga a massa de volta ao estádio.

Porém é preciso que direção e conselho tenham a humildade de estudar o porquê da Frasqueira estar tão retraída, mesmo tendo vendido ingressos promocionais. Não dar mais pra ficar no pedestal e no falatório de que a Frasqueira é apaixonada, de que temos uma torcida fiel, etc. É hora de descobrir os problemas e buscar sana-los.

Logo de cara vislumbro 6 problemas que certamente afastam o torcedor:

1-Concorrência desleal com a TV: os clubes que disputam a Série B estão presos a um contrato com a Globo até 2015. Contrato esse que foi firmado entre a cbf e a emissora em 2009, onde os clubes não opinaram em nada. O ABC, enquanto estiver na Série B, estará amarrado a um contrato anual de R$ 1 milhão (antes era 600 mil, mas houve um reajuste recentemente), e não poderá opinar em nada sobre as transmissões dos jogos em Natal até 2015.

2-Horários dos jogos: os horários dos jogos também jogam contra o clube. Quando um jogo é marcado para as 22hs de uma terça-feira qualquer, ninguém pode cobrar que o torcedor comum vá ao estádio nesse horário. Sinceramente, preferiria que os jogos do ABC fosse às 9 horas da manhã de um domingo qualquer, com o sol torrando meus miolos, do que as 22 horas da terça-feira. O jogo contra o Águia de Marabá em 2010, p.exemplo, foi o recorde oficial de público e renda do Frasqueirão até hoje.

3-Calendário da Série B: o Camp. Brasileiro deveria ser espalhado durante todo o ano e não espremido em apenas 6 meses, como acontece. Com isso, muitos jogos são agendados para as terças-feiras e em horários inviáveis. Se o Camp. Brasileiro começasse em fevereiro e fosse disputado apenas nos fins de semana, com jogos aos sábados e domingos em horários decentes, potencialmente haveriam mais torcedores dispostos a irem pro campo.

4-Preço dos ingressos e um programa de sócio-torcedor pouco acessível ao povão: não adianta dizer o contrário, o ingresso, mesmo a R$ 30,00 ainda é caro para o torcedor que vive com renda mensal menor que R$ 1.500,00 e ainda tem que sustentar a família.  E o Programa de Sócio-Torcedor, outrora símbolo de sucesso do marketing alvinegro, já não é o mesmo, principalmente após o reajuste que pegou muita gente de surpresa. Nas redes sociais muitos torcedores não renovarão com o plano por conta das condições de pagamento que inviabilizam a permanência do sócio.

5-Preço dos alimentos e serviços no Frasqueirão: refrigerante a R$ 3,00 e água mineral a R$ 2,00 são preços abusivos. O torcedor comum que vai ao Frasqueirão tem que levar pelo menos R$ 50,00 para assistir o jogo: R$ 30,00 é o ingresso; R$ 5,00 é o estacionamento (se for de carro) ou as passagens de ônibus ida-e-volta, e sobra R$ 5,00 pra tomar 2 copos d'água.

6-Localização do Frasqueirão e descaso do poder público: a localização do Frasqueirão é distante, e tal distância se torna maior com o descaso do poder público que não oferece linhas de transporte público em número suficiente para levar e trazer o torcedor que mora no outro lado da cidade.

Não vou apresentar soluções, pois a diretoria do ABC FC sabe onde o sapato aperta, porém, acho que a citação dos problemas expostos nesse texto pode servir de norte para se encontrar alguma mágica para que tudo possa ser resolvido em favor da Frasqueira.

Gustavo Lucena
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4 comentários:

Múrcio disse...

Além de tudo isto que você escreveu, hoje escrevi sobre a ausência do torcedor abecedista nos jogos no Frasqueirão, pois escuto cada vez mais reclamações de torcedores que dizem que procuram o clube para negociar a dívida, mas encontra dificuldade e intransigência por parte do Abc que não negocia e ainda quer cobrar taxas. Alguns dizem que querem pagar parte da dívida e o Abc não quer receber. Não ouvi a versão do Abc, portanto não sei se isto procede, mas já ouvi muitas reclamações.
O ideal é quando o negócio é bom para os dois lados. O torcedor paga, sabendo que está comprando um bom produto e o Abc recebe em dia e tem condições de planejar melhor os seus gastos, faz um bom time e o torcedor vai ficar satisfeito. Mas, sabemos que isto é impossível em qualquer tipo de compra. Imaginem no futebol que a cada dia o time sobe e desce, deixando o torcedor mais inflamado, irritado e com raiva do próprio time que escolheu para torcer.
Se em qualquer ramo comercial, temos negociações de dívidas, o Abc deve fazer negociações melhores e alertar para futuras reincidências. Não podemos simplesmente deixá-lo eternamente inadimplente por que será sempre um torcedor a menos no Frasqueirão, mas ele não vai deixar de ver o time jogar, com tantas facilidades que temos hoje em dia nos bares da vida, nas TVs pagas e até pela internet. No final somente o Abc não vai receber pelo jogo e ainda vai ter o estádio vazio, sem o incentivo da torcida.

cleibersupervisor disse...

os torcedores do abc nao temoq reclamar, os preços do frasquerao sao iguais aos pratricados em todo lugar, nós abc'distas temos que ir ao estadio, ou nao reclamem do aluguel.

Anônimo disse...

Parabéns Múcio!
você disse tudo, isto é mesmo um ramo comercial tem que ter vantagens para os dois lados, vivemos num sistema capitalista e não filantrópico.

Luciano disse...

ontem na ressacada a renda foi de pouco mais que 57 mil reais...o problema de público é nacional.