segunda-feira, 2 de abril de 2012

A questão dos Estaduais - meu ponto de vista

Cada vez mais intensa a discussão sobre a viabilidade dos Campeonatos Estaduais em sua atual concepção.

Só ontem escutei e assisti 3 programas que retrataram que do jeito que está, não dar mais.

No começo da tarde, na resenha nacional da Rádio Globo, foi praticamente unânime que os Estaduais com 23 datas se tornaram um estorvo. Foi dito que a moleta que garante a sobrevivência dos 4 principais Estaduais do país (RJ-SP-RS-MG) é o fato de que tais competições pagam melhor que a Libertadores. Foi dito também que, se para torcedores, atletas e comissão técnica os Estaduais são um peso-morto - pelo menos nos principais centros - para os dirigentes é uma tábua de salvação, já que o dinheiro da TV é importante.

Logo depois teve a entrevista do representante da Liga do Nordeste que também disse que a competição regional vem num momento em que os Estaduais da região passam por uma crise de atratividade. A exceção do campeonato Pernambucano - financiado pelo Poder Público e com o dinheiro da Globo - todos os Estaduais vem amargando públicos pífios, e mesmo nos clássicos, a quantidade de torcedores vem ficando abaixo do esperado.

E a noite a ESPN Brasil trazia números desalentadores, onde clássicos que colocavam 40 mil pessoas, estavam colocando 18 mil. E os comentaristas mantiveram a rotina de descer o malho, muito embora nenhum deles tenha clamado a extinção dos Estaduais.

A Tribuna do Norte fez mais uma matéria mostrando o fiasco de bilheteria, e Marcos Trindade vem mostrando a cada rodada os números desalentadores do Estadual.

No RJ é unânime que com 16 clubes não dar mais.

Dito essas informações, passo a explanar meu ponto de vista.

Para os clubes que disputam as Séries A e B (e num futuro também os que disputam a Série C, caso ela adote o sistema de pontos corridos), em especial aqueles que também disputam a Libertadores e a Copa do Brasil, o Estadual ideal é com o menor número de datas possíveis, no máximo 10 ou 12 datas, com uma fórmula de disputa parecida com, digamos, a da Copa do Mundo (fase de grupos seguido de mata-mata). Com essa formatação, os jogos ficariam mais decisivos e teoricamente os públicos seriam maiores.

Porém, tem o outro lado da moeda. Para os clubes "fora-de-série", que dependem do Estadual para garantir uma vaga na Série D no 2o semestre, é melhor os Estaduais alongados. Nós do ABC sabemos muito bem disso, passamos 3 temporadas jogando apenas 3 meses durante ao ano, justamente porque os Estaduais foram encurtados. Sejamos francos, hoje o Estadual não tem o mesmo peso que teve entre 2004 e 2007, quando cada jogo era uma batalha de vida ou morte para garantir o calendário do 2o semestre. A Copa do Brasil ainda é um prêmio importante, mas a torcida só vai ao campo na hora da onça beber água.

Na minha visão, a solução é a seguinte: o Estadual tem que ser dividido em 2 partes: uma mais longa, se possível maior até que as atuais 23 datas, disputado apenas pelos clubes "fora de série", servindo de seletiva para a Série D, Copa do Brasil, Regionais (a Copa do NE pode impulsionar a volta dos outros regionais) e para a fase final da competição; e uma mais curta, de cunho decisivo, em que os melhores da perna mais longa disputariam o título com a turma da "elite".

A nível de RN, a situação é mais difícil pelo fato de que, a exceção de ABC e dos encarnados, os demais clubes fazem questão de serem sazonais e de viverem um profissionalismo de mentira. Só ensaiam "profissionalismo" na hora de prejudicar o Mais Querido para fazê-lo com que fique fora-de-série. Ainda bem que o ABC não depende mais do Estadual para sobreviver a temporada.

Pesa também o fato de que nas principais cidades com clubes de torcida, hoje apenas o Frasqueirão é um estádio plenamente apto para jogos profissionais. Nogueirão e Marizão estão destruídos e os demais estádios não apresentam condições para sediar jogos nacionais, tendo que contar com o beneplácido da CBF para tanto.

Mas não vejo outra saída para os Estaduais: é preciso conciliar a necessidade de um calendário longo para os clubes profissionais "fora-de-série" e de um calendário enxuto para a turma da Série A, Série B, Libertadores, Regionais e Copa do Brasil. E a maneira é essa, criar um Estadual com essas 2 pernas. Não sei se melhoraria a bilheteria, mas com certeza a competição ficaria menos enfadonha.

Em resumo, não quero a extinção dos Estaduais, afinal é o "pão nosso de cada ano", a possibilidade real do ABC continuar gritando "é campeão", é a oportunidade de disputar a Copa do Brasil e a Copa do Nordeste e é importante para manter a maioria dos clubes em atividade. Porém, para o ABC hoje, o Estadual só é interessante - seja no aspecto técnico, seja no aspecto financeiro - a partir das fases decisivas, já que o Mais Querido possui um calendário bem preenchido e que esse ano inclusive sacrificou a pré-temporada. Por isso, advogo que o Estadual seja longo para a turma "fora-de-série" e curto para a turma que já estiver inserida em uma das 3 principais divisões nacionais, já que estas já possuem 38 datas preenchidas.

E quarta-feira vamos ao Frasqueirão, afinal, ver o ABC jogar e fazer resenha com os demais doentes que nem eu é um grande entretenimento.

Gustavo Lucena
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1 comentários:

Anônimo disse...

Gustavo,

Mauro Beting tem uma opinião parecida:

http://br.esportes.yahoo.com/blogs/ponto-bola/o-que-fazer-com-os-estaduais-151956609.html

Abraço,
Cleiton