É pessoal, parece que o processo de diminuição do numero de clubes de futebol continua a todo vapor. Quem não se assustou com noticia de que o Moto Club e o JV Lideral, ambos do Maranhão, fecharam as portas. Sim por que encerrar o futebol profissional em clubes que só atuam no futebol é sinônimo de fim. Eu me assustei, principalmente pela tradição do Moto Club.
O problema é seríssimo e nós do RN temos que abrir bastante o olho, senão de uma hora para a outra, nem os clubes da capital se seguram em pé. E não me venham com aquela conversinha, "agremiações como Moto Club e JV Lideral se manterão vivas por que tem quadro social". Isso no Brasil acabou.
O despreparo na gestão dos clubes cria um caminho sem volta financeiramente, tradição brasileira de muito tempo. No Sul e Sudeste a gestão dos grandes clubes começa a assumir papel mais profissional. No Norte e Nordeste parece que fazemos futebol como há 50 anos, na base da benemerência. Seja de seus poucos associados ou do poder publico.
No passado, os clubes brasileiros se valiam das doações publicas para criar o seu patrimônio. Como na Cidade de São Paulo, onde Palmeiras, Corinthians e São Paulo receberam a titulo de doação terrenos onde hoje funcionam os centros de treinamentos dessas equipes. Isso já não ocorre mais, ainda bem. Aqui em Natal as doações, sob pretexto de desenvolver o esporte também ocorreram com ABC, América e Alecrim. Dos três apenas o América ainda mantém parte do terreno doado pela Municipalidade, mesmo assim se prepara para se desfazer de mais um pedaço.
A situação dos Maranhenses não deve ser diferente do Clube do Remo no Pará, que vendeu o Estádio Baenão para se ver livre de uma centena de ações trabalhistas.
O certo é que o futebol se tornou caríssimo no Brasil, mesmo que o nível técnico dos atletas que aqui labutam tenha caído pelo êxodo dos principais atletas do nosso mercado. Então como é que alguns clubes conseguem gerir o futebol? Quais modelos adotados?
Na verdade só existe um caminho... A profissionalização na gestão e a utilização do Marketing Esportivo para gerar recursos.
Com uma gestão profissional tanto os clubes sociais como o ABC, quanto os de empresários como o itinerante Grêmio Qualquer Coisa, podem dar certo.
Os clubes sociais não são o fim, mas podem ser a perdição. Cidades litorâneas como Natal já não necessitam de modelos de clubes antigos, onde há 50 anos as únicas piscinas da cidade se localizavam nesses clubes, e as praias da Capital não eram urbanizadas. Ideias mais modernas podem funcionar em uma sociedade onde cada vez mais, atividades ao ar livre se tornam perigosas. Sociedade onde já não se pratica esporte nas escolas publicas. Sociedade cada vez mais sedentária.
Segundo informações, tanto o Moto quanto o JV deverão receber ajuda financeira dos governos locais e da Federação. Coisa que como vocês já devem ter percebido eu sou absolutamente contra. Não acho que Cidades ou até mesmo o Estado, devam investir um só centavo sequer em Clubes de Futebol que em sua maioria sonegam impostos e que principalmente não assinam a carteira de trabalho de seus funcionários. Isso somente fomenta o surgimento de times virtuais, como muitos que vemos fazer algum brilhareco por curtos espaços de tempo, mas que não se sustentam principalmente por não terem uma torcida.
É triste, mas a verdade é que a tendência é que Estados pobres como os do Norte, Nordeste e Centro Oeste, tenham no máximo dois ou três times por Estado. Em alguns casos é possível que não haja futebol realmente Profissional, com P maiúsculo, em alguns desses Estados. Na região Sul e Sudeste o numero de clubes por Estado deverá ser maior que a media geral do País, já que a densidade demográfica e a economia devem manter algumas das equipes intermediarias de cidades grandes.
Em resumo, o que conhecemos hoje como equipes pequenas, ou se refugiarão no amadorismo, ou não mais existirão. E isso é um processo que já está em curso, irreversível em alguns casos, talvez em 20 anos tenhamos uma vaga lembrança de algumas equipes conhecemos. Quem duvida de mim basta lembrar que a cerca de 20 anos times como o Força e Luz, Atlético de Natal, Ferroviário, Santa Cruz e Riachuelo, só para citar os mais conhecidos da capital, sumiram do mapa sem deixar rastros. E não adianta culpar a CBF ou a TV Globo, o problema é a própria estrutura do futebol brasileiro em sua origem, que é a mesma desde Charles Miller.
Moto Club e JV Lideral começam a se tornar apenas historia.
5 comentários:
um timinho de vermelho da nossa capital esta no mesmo caminho!
Aqui em Portugal, já neste século, desapareceu o Farense. Neste momento decorre o mesmo processo para o Boavista, uma que foi considerada a 4ª equipa maior de Portugal, depois de anos de uma presidência desastrosa, milita agora nos escalões inferiores. Chegou a disputar a taça Champions. São na verdade mutilações que fazem ao verdadeiro povo.
Um bom fim de semana.
Diego, você foi incrível neste artigo. Sério mesmo! Deveria enviar para publicar em algum jornal da cidade. Você quando aborda as questões das pisicinas e das praias sem estrutura (antigamente) tocou em um ponto que era ignorado até então, nunca tinha visto ninguém comentar este importante aspecto.
Fazia tempo que não lia algo tão contudente e verdadeiro.
Parabéns mesmo.
Fernando: Será?
Poeta do Penedo: Pois é, eu me lembro que o Boa Vista ruiu após vencer a Liga. O caso do Belenenses, que também venceu a Liga e ao invés de crescer como protagonista, apenas faz figuração atualmente. O problema Português, será o problema Europeu logo mais. Ninguém conseguirá concorrer com esses grupos de investidores que injetam dinheiro de procedência duvidosa em clubes como Porto, Benfica, Braga e Sporting. Logo veremos apenas uma grande Chanpions League.
Black Ace: Amigo Black, você sabe o que acho de Clubes Associativos. Eles não se sustentam em sua origem. Valeu o elogio, apesar dos erros na escrita que detectei agora.
Abraço a todos!!!
Artigo perfeito irretocável.
Tava com esse assunto na ponta da língua para escrever sobre o tema, e pretendo fazê-lo, seja para dar minha visão sobre os fatos, seja simplesmente para complementar o tema.
Terça-feira devo falar mais sobre isso.
Diego Ivan, manda esse artigo para o DNONLINE ou mesmo para o Edmo Sidenino, que eles sempre publicam.
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