sexta-feira, 30 de abril de 2010

Os Estaduais e a necessidade de sua readequação no calendário nacional

Até os Anos 80 os Campeonatos Estaduais tinham uma importância muito grande.

Isso decorria pelo fato de que o Brasil é um país continental e que naqueles tempos a integração nacional estava se engatinhando, pois o sistema de transporte eram bem precário. Por isso era praticamente inviável organizar um Campeonato Nacional. Existia a Taça Brasil, que reunia os Campeões Estaduais para definir quem representaria o Brasil na Libertadores. Mas era um torneio de tiro curto e precário. O que sustentava o futebol brasileiro eram os Estaduais.

E eles eram bem competitivos e interessantes, dizem os mais velhos, o nível técnico dos Estaduais principais (Carioca, Paulista, Gaúcho e Mineiro) se equiparavam aos Campeonatos Nacionais Europeus.

Mesmo com o advento de um Campeonato Brasileiro a partir de 1971, os Estaduais continuavam fortes. Nos Anos 80 os Estaduais das Federações com menor poder político serviam de critério técnico obrigatório para a disputa do Campeonato Brasileiro.

Com a criação da Copa União em 1987 e o consequente enxugamento do Campeonato Brasileiro na sua divisão principal veio a decadência dos Estaduais, pois o torcedor já não se satisfazia com a rivalidade local, pois ele queria ver seu clube enfrentar adversários de outros Estados.

A nível de RN, isso representou um golpe duro, pois os clubes daqui ficaram alijados de enfrentar as principais potências do futebol nacional com uma maior frequência. Com isso os Estaduais começaram a perder o brilho e se tornaram deficitários, muito também por conta da adoção de regulamentos demasiadamente enfadonhos e sem qualquer objetividade.

Os regionais - em especial a Copa do Nordeste -foram criados justamente para substituir os deficitários estaduais, porém sofreram um duro golpe da CBF/Globo e foram forçosamente extintas, pois representava um aumento no poderio dos clubes não só de força nacional, mas também os de força regional.

Com a extinção dos regionais, acreditava-se que os Estaduais seriam revitalizados. Não foi o que aconteceu, pois eles ficaram espremidos em apenas 4 meses, e além disso representou uma competição ingrata, seletiva para a disputa da Série C do Brasileiro.

Tecnicamente falando, hoje em dia os Estaduais só são importantes na busca de 1 vaga na Copa do Brasil e para os clubes fora-de-série, que querem 1 vaga na Série D. Quando os clubes já possuem vagas garantidas nas Séries A, B e C, os Estaduais praticamente se transformam em pré-temporadas prolongadas, que muitas vezes resultam muito mais em perdas e prejuízos do que em ganhos.

Hoje em dia, para o próprio ABC, que já possui sua vaga assegurada na Série C no 2º semestre, disputar o Estadual já não tem a mesma empolgação, salvo se o mesmo significasse uma classificação para a divisão-base do Brasileirão, o que de fato aconteceu entre 2004 e 2007, onde cada jogo era uma batalha para sobreviver até o 2º semestre do corrente ano.

Uma prova inequívoca da pouca motivação da Frasqueira com o Estadual é uma pesquisa feita pela própria Diretoria neste ano, onde ficou patente que os torcedores estavam muito mais preocupados em voltar para a Série B do que propriamente levar o 51º caneco estadual. E a Frasqueira só se fez presente pra valer nos jogos finais e nos clássicos.

Porém, a extinção do Estadual também seria um golpe duro parao ABC FC, que alcançou a projeção de principal clube do RN graças aos 51 títulos Estaduais conquistados.

Os Estaduais são para a maioria dos clubes a única oportunidade real de se brigar por um título na temporada. E para os clubes de maior porte, são uma espécie de prêmio de consolação, que ameniza os jejum de títulos e conquistas no âmbito nacional.

Então o que deveria ser feito para tornar os Estaduais mais dinâmicos e menos deficitários para os clubes?

Eu já fiz algumas pesquisas sobre o tema e pude constatar algumas soluções:

1) Os Estaduais deveriam ter o número de datas e participantes reduzidos por Estado. Aqui no RN, p.ex., o Estadual deveria ser disputado por apenas 8 clubes, o que acarretaria no uso de apenas 16 datas (14 datas para uma fase inicial disputada no sistema de pontos corridos e 2 datas para a disputa de uma fase final entre o 1º e 2º colocados da fase inicial);

2) Além do enxugamento, os Estaduais deveriam ser deslocados para o 2º semestre, sendo disputados no meio da semana (terça, quarta ou quinta). As datas que eram reservadas aos Estaduais no 1º semestre seria redistribuida entre 3 competições: Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Copas Regionais.

3) Com os Estaduais no 2º semestre e as Copas Regionais no 1º semestre, a sazonalidade semestral dos clubes seria praticamente abolida.

Além dessas soluções, outras 2 alternativas que poderiam ser estudadas seriam:

1) Fusão do Estadual com a Copa do Brasil: Os Estaduais poderiam se transformar uma espécie de "Fase de Grupos" da Copa do Brasil. O Vencedor de tais grupos seriam considerados campeões Estaduais e disputariam as fases posteriores da Copa do Brasil. Evidentemente que nesta situação, os Estaduais seriam mais enxugados ainda.

2) Fusão do Estadual com o Campeonato Brasileiro da Série D: Os Estaduais se transformariam em uma fase inicial da Série D. Aqui, os clubes inseridos nas Séries A , B e C não disputariam os Estaduais. Tal formatação é seguida nos Campeonatos Nacionais Europeus que, em suas divisões menores são regionalizados. Aqui haveria um maior alongamento no número de datas dos Estaduais.

Bem, são essas as minhas idéias do que penso sobre o Estadual, que não precisa ser extinto, mas que precisa se adequar a uma realidade menos deficitária para os clubes.

Gustavo Lucena

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1 comentários:

Anônimo disse...

Não amigo acho as suas idéias um tanto quanto radicais e não resolveriam em nada a decadência dos estaduais