quarta-feira, 17 de março de 2010

Na hora de patrocinar, bairrismo e patriotismo passam longe

O que vou lhes dizer aparentemente nada tem haver com o ABC FC, mas ilustra uma situação bastante similar a que o Mais Querido vem passando na hora de captar patrocinadores.

Todos estão lembrados de que em 2009 o ABC FC foi preterido pela ALE Combustível, uma empresa que possui raízes potiguares e cujo um dos acionistas é Conselheiro do clube.

É sabido de todos nós que a ALE ano passado patrocinou Vasco (1º semestre) e Flamengo (2º semestre) e deu uma banana para o Mais Querido, que passava por dificuldades financeiras e que vinha tentando obter pelo menos 1 décimo do patrocínio que era destinado ao clube mais popular do Brasil. A Frasqueira (e a torcida do rival) até ensaiou um boicote aos postos da referida empresa, confesso que não sei se teve resultado.

Pois bem, pois essa situação nas devidas proporções vai se repetir na F-1. A Petrobrás está se associando a Lotus para fornecer patrocínio, combustível e lubrificantes. Tal fato causou estranheza e também indignação nos torcedores brasileiros, pois a equipe anglo-malaia sequer possui um test-driver tupiniquim.

A exceção da Ferrari de Felipe Massa, as demais equipes que possuem pilotos brasileiros não são patrocinadas por petrolíferas, e todas elas também estavam querendo o patrocínio da estatal. A Lotus ganhou uma disputa que envolvia a Williams (equipe de Rubens Barrichello), a Sauber e as novatas Virgin (equipe do Lucas Di Grassi) e Hispania (equipe do Bruno Senna).

A Petrobrás patrocinou a Williams de 1998 a 2008 e no máximo só vimos brasileiros como pilotos de testes. Me lembro bem que o garoto-propaganda da estatal era o colombiano Juan Pablo Montoya.

Em ambas as situações, fica demonstrado que na hora de patrocinar, bairrismo e patriotismo são critérios praticamente desprezados.

A ALE optou pelo Flamengo pelo simples fato deste clube possuir cerca de 40 milhões de torcedores espalhados pelo Brasil. Deve ter influenciado também o fato de que enquanto que o ABC sofria com uma diretoria cada vez mais fechada, centralizadora e amadora (fato que afastou potenciais investidores), no Flamengo houve uma tímida organização administrativa com o afastamento de gente do naipe de Kléber Leite e Márcio Braga.

Na Formula 1 aconteceu a mesma coisa. A Petrobrás optou por uma equipe que, mesmo sendo uma estrutura nova (em comum com a antiga Lotus, a atual só possui uma sede na mesma cidade), carrega uma marca tradicional e respeitada. E que, mesmo não empregando hoje pilotos brasileiros, possui um vínculo histórico com o automobilismo local pelo fato de que os 3 campeões brasileiros da categoria defenderam o time.

Na Williams, na Virgin e Sauber certamente eles teriam que dividir o fornecimento dos fluidos com suas concorrentes.

E a Hispania do Bruno Senna quase que não corria e é uma equipe bagunçada.

E se ampliarmos o foco do tema, vemos que no globo terrestre as coisas funcionam nesse esquema.

Na própria F-1 há outros exemplos. A estatal malaia Petronas preteriu fornecer combustível para a Lotus para se associar a Mercedes-Benz. E mesmo assim nunca patrocinou pilotos malaios na categoria. A francesíssima Renault, desde que regressou na F-1 em 2002 jamais teve um compatriota dirigindo seus carros. A italiana Ferrari há mais de 20 anos não possui um piloto da terra da bota como titular.

Ou seja, o ABC FC não foi o primeiro, nem será o último a ser desprezado por patrocinadores locais.

Gustavo Lucena
papoalvinegro@gmail.com
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5 comentários:

Black Ace disse...

Gostei muito deste texto.
Você colocou muito bem as palavras.
Temos que parar de ver as coisas com a emoção, e devemos ver as coisas mais pelo lado racional.

Diego Ivan disse...

Racionalmente discordo de Black Ace e Gustavo.

O que eu vejo no mundo do esporte é sim o bairrismo nos patrocínios, como já ocorreu na F1 e no futebol. Grandes empresas de todas as áreas investem os tubos para que equipes tenham pilotos e jogadores de mesma nacionalidade.

Quando isso não acontece é o puro e simples trabalho de conquista de novos mercados.

Ex: Japão - Takuma Sato-BAR HONDA
Japão - Takuma Sato-Super Aguri HONDA
Japão - Yuji Ide-Super Aguri HONDA
Malásia - Alex Yoong-Minardi-Asiatech (Petronas)
Nick Heidfeld - Sauber/Petronas (Motor BMW)

E por ai vai... Foram os que eu lembrei.

Sem falar no futebol.

O que revolta sobre a ALE é que o patrocínio da empresa para os clubes locais teria valor baixissimo em relação ao que foi gasto com o Flamengo por exemplo. O retorno seria muito maior que o investimento, já que o valor investido aqui é realmente pequeno.

Me reservo o direito a não apoiar e a fazer campanha contra.

Abraço!!!

Anônimo disse...

Racionalmente discordo de Black Ace e Gustavo.[2]

Os times do interior de São Paulo e do Rio por exemplo, muito pouco acrescentam a imagem dos patrocinadores e entretanto tem excelentes patrocinios.

Ao contrário disso o ABC É SIM um clube que agrega valor a qualquer marca, muito mais do que os times do interior de São Paulo e Rio de Janeiro e PROPORCIONALMENTE AO VALOR INVESTIDO pode SIM se equiparar ao Flamengo.



Isto é, se uma empresa tem um retorno de R$ 40 milhões por ter investido os mesmos R$ 40 milhoes no Flamengo.

A mesma empresa pode sim ter um retorno de R$ 400 mil(1%) investindo R$ 400 mil(1%) no ABC.

Ou até mais..

Não é apenas auto-estima ou o sentimento de saber valorizar e dar o real valor ao que é seu.....é RACIONALIDADE.


Mas nada vem fácil só pelo viabilidade lógica demonstrada....É NECESSÁRIO TMB LUTA E EMPENHO, nisso o torcedor TEM SIM um papel importante, PRESSIONANDO e conquistando, como tudo na vida.


Alex

MÚSICA F. C. ! A VOZ DAS ARQUIBANCADAS. disse...

1) O valor do investimento é sempre na proporção do retorno.

2) Não digo que o investimento no ABC seja igual ao do FLAMENGO, mas o investimento por aqui, com a máxima certeza gera lucro.

3) O que falta é um ousadia aliada ao bom planejamento empresarial.

4) É muito fácil lucrar com um produto que todo mundo compra, ou seja, o produto da ALE é fácil de vender.

5) O lucro da ALE SAT é tão gigantesco que - ao menos hoje - entende desnecessário aumentar a fatia no mercado potiguar.

6) Respeito a decisão da empresa ALE, mas acho que aumentar a fatia - honestamente - nunca é demais.


Até a próxima

José leonardo
DO BLOG
www.musicadogol.blogspot.com

Anônimo disse...

Eu respeito a decisão da Ale.

Mas discordo, repudío, boicoto, não me conformo e acho errado se conformar e se acomodar.

É a minha forma de pressionar.


Alex