sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Um ano de desilusões, vexames e aborrecimentos

Depois de um longo e tenebroso inverno, volto a falar sobre as coisas do ABC FC.
 
Não tem sido fácil, já que nos últimos tempos o Mais Querido não tem me inspirado a produzir algo, seja elogiando, seja criticando, seja simplesmente noticiando.
 
As duas últimas temporadas realmente foram dois jatos de água gelada no meu ânimo para acompanhar o dia-a-dia do clube.
 
Me lembro que quase todo o dia ligava o rádio para ouvir notícias do clube, era mais envolvido, ia a treinos, etc. Hoje em dia, me limito a ir ao Frasqueirão em dias de jogos e olhe lá, porque não tenho mais tempo nem vontade de sair de casa às 22hs de uma terça qualquer para ver o ABC jogar, por melhor fase que o time esteja.
 
2013 foi um ano de desilusões. Como conselheiro entre dezembro/2012 e setembro/2013, pude checar e constatar o porquê o ABC vive marcando passo na história. Os interesses e vontades do clube se confundem com os interesses e vontades individuais. Qualquer decisão que foi tomada não foi atendendo o interesse da instituição, mas sim interesses de Fulano ou Sicrano que não me convém citar nomes. Os mais sensatos sabem quem são.
 
O ABC historicamente possui 03 ativos valiosos: o patrimônio físico, representada pelo Complexo Vicente Farache; o patrimônio humano, representado pelas categorias de base e o patrimônio moral, representado pela Frasqueira. Em 2013 todos esses pilares sofreram enormes abalos.
 
O Frasqueirão se viu relegado a segundo plano, forçaram o Conselho a dar carta branca para a diretoria de fato e de direito assinarem um contrato com a Arena das Dunas sem qualquer discussão ou leitura mais acurada do mesmo. Quem se rebelou contra a assinatura sem leitura foi taxado de perdedor e falso ABCdista. Foi o meu caso. Toda aquela estrutura portanto tem o mesmo valor da estrutura do América, já que o contrato é o mesmo. Ou seja, o América, que hoje só tem um CT em Japecanga e sua sede social foi criminosamente estuprada e reduzida, na visão da OAS e dos mandões do ABC, tem o mesmo lastro patrimonial do ABC.
 
Afora o desprezo para com nosso caldeirão, o Complexo ainda se viu mutilado com a destruição do CT Alberi Ferreira Matos, porque a "ABCdista" ECOCIL fez questão de avançar 10m em cima da área do clube sem qualquer oposição dos "verdadeiros" ABCdistas que comandam o clube. O resultado tá aí, perdemos as arquibancadas e a torcida tem que acompanhar os treinos sentados no chão.
 
Isso porque não falei nas inúmeras ameaças de penhoras e constrições que o clube pode vir a sofrer graças ao rolo compressor de ações trabalhistas e cíveis que atletas, fornecedores e funcionários entraram contra o clube. Enfim, é um filme que já vimos aqui com o rival vermelho, que tinha uma respeitável estrutura física e hoje se ver reduzido a quase nada.
 
As categorias de base hoje estão na miséria, sobrevive graças a abnegação de Fred Menezes e alguns colaboradores, sem qualquer estímulo ou apoio oficial. Os procuradores e empresários têm passe livre para se apropriar da nata surgida nas bases. Felipe Bezerra, Denner e mais recentemente Jéferson que o digam. Nunca mais vestirão a camisa do ABC. Os últimos destaques oriundos das bases foram geridos na já longínqua gestão de Judas Tadeu: João Paulo (cuja venda deveria ser alvo de uma investigação, já que ninguém sabe quanto foi o valor da transação e quanto ficou para o ABC, num dos negócios mais obscuros da história do futebol do RN), Alvinho (que inclusive hoje já está no catálogo do Alex Fabiano) e Édson (no qual tive a impressão que essa diretoria fez questão de perdê-lo, mesmo tendo sido o melhor jogador do clube em 2013). Depois deles, mais quem? O ABC não se classificou para as principais competições sub-20 2014 e quando nos deparamos com as equipes da base em ação, é de fazer chorar o físico desnutrido dos nossos atletas.
 
Com as bases enfraquecidas abre-se espaço para que a diretoria contrate um caminhão de jogadores de qualidade duvidosa e curriculum temerário, para a alegria dos empresários "parceiros" e desespero das finanças e do patrimônio do clube. Foi o que aconteceu agora no final do ano. O velho ciclo vicioso ao qual a Frasqueira está acostumada nos últimos anos, e que só traz prejuízos patrimoniais, já que, de 10 contratações, apenas 1 costuma dar liga e as outras 9 só nos trazem raiva.
 
Quanto a Frasqueira, a mesma encontra-se cada vez mais afastada do clube, pois a diretoria nada faz pra trazê-la de volta, e vem tratando-a muito mal. O que aconteceu com nossa torcida no confronto contra o Palmeiras deveria ser caso de polícia e destituição da diretoria, até porque nada disso teria acontecido no "velho" Frasqueirão com o módulo I dividido entre cadeiras e arquibancadas e com acesso livre. E o Conselho determinou que o módulo I tivesse as cadeiras removidas e fosse aberto o acesso ao mesmo, mas o "dono" do ABC fez valer a sua vontade, nem que isso implicasse no que aconteceu no confronto contra o Palmeiras.
 
Além disso, o velho marketing da miséria afugenta a torcida. O torcedor só arca com o ônus, só tem obrigações e os dirigentes do ABC não oferecem nada além do acesso ao jogo.
 
Por essas atitudes a Frasqueira acaba optando por ficar em casa, vendo o jogo pela TV, já que, além do custo alto de ir ao jogo, ainda corre o risco ser tratado como gado.

E para quem acredita que o povão, o grosso da nossa torcida voltará com força na Era Arena das Dunas, esqueçam, já que a proposta do "futebol moderno brasileiro" é a higienização social. O frasqueirino mais humilde, morador da periferia, provavelmente não terá vez e voz nessa Arena. Deverá ter o mesmo destino do geraldino do velho Maraca. Os seus lugares serão ocupados pelos torcedores Lucianos Hucks, os coxinhas que nunca pisaram num estádio. 

Em suma, os nossos 3 maiores ativos estão em sério risco. E sob as bênçãos da maioria esmagadora do CD e com o apoio incondicional da impren$a local, que inclusive apoiou a irresponsável conduta de que para permanecer na Série B vale tudo, inclusive fazer uma gestão temerária e obscura.
 
Enfim, termino aqui esse desabafo e, até que apareça um fato relevante e de preferência positivo, que abale nossas estruturas e me anime, devo ficar mais um bom tempo sem escrever.
 
Desejo um ótimo 2014 pra todos, e espero que os colegas colaboradores continuem com sua abnegação em abastecer esse blog.
 
Gustavo Lucena
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