quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A crise da bola

Por Alex Medeiros.

Tudo bem, ora direis, meus caretésimos pachecos, “foi só um amistoso que não vale nada”. Concordo, mas admito que há controvérsias na afirmativa. Reflitam comigo: se amistoso é só um treino, e treino é preparação, nenhum time joga bem sem treino.
Portanto, se um amistoso ou jogo-treino não tivessem importância alguma, não seria necessário jogá-los, no risco até de contundir um atleta ou mesmo um craque atingir o colega adversário com um golpe de Kung-fu. Mas, acreditem, é preciso treinar.
E o que se torna mais necessário ainda é que a pachecolândia entenda de uma vez por todas que o Brasil vive uma crise sem tamanho em seu futebol, não apenas no tocante à seleção canarinho, mas também na qualidade e estrutura dos campeonatos internos.
A pouco mais de dois anos de sediarmos uma Copa do Mundo, estamos sem estádios, sem times, sem dinheiro, sem público e – o pior – sem craques. Nunca antes na história desse país o nosso futebol passou por uma penúria como a de agora.
Nos gramados verde-amarelos, quem está salvando a bola e oferecendo um pouco de talento aos torcedores são os jogadores estrangeiros, em especial os nossos vizinhos sul-americanos que inundam as concentrações dos grandes times brasileiros.
No âmbito internacional, já não há um só craque brasileiro levantando arquibancadas pela Europa, nossa representação se resume a alguns defensores, como Daniel Alves, Maicon e David Luiz, e um goleiro que na hora H, na Copa, fez besteira.
Aquele craque clássico, atuando no meio de campo ou no ataque, que virou produto tipo exportação na Europa desde os tempos de Fausto, passando por Falcão, Romário até Ronaldinho, sumiu das prateleiras nacionais. O papel é hoje dos argentinos.
Os amistosos internacionais de ontem servem muito bem de retrato para esta crise por que passa o futebol do Brasil. Perceberam como os jogos tiveram uma boa participação dos craques de cada país? E quem eram os craques brasileiros contra a França?
Estamos com duas Olimpíadas e duas Copas perdidas, onde jogamos um futebol bisonho. Um jovem torcedor com 14 anos, idade ideal para formar novos amantes da bola, não tem na memória ludopédica boas lembranças da seleção brasileira.
Nos jogos amistosos de ontem, a bola foi bem tratada pelos craques, alguns deles decidindo a parada para seus países. O argentino Messi e o português Ronaldo deram um show, com dribles, lançamentos e assistências, marcando um gol cada.
No mais histórico duelo mundial, Alemanha e Itália empataram com gols marcados por seus homens de referência no ataque: Klose num lado, Rossi no outro. Nem precisa lembrar que Benzema usou o Brasil para afastar a má fase no time francês.
Na goleada da Holanda sobre a Áustria, adivinhem quem mandou no jogo? Aquele mesmo carequinha que anulou a seleção de Dunga na África do Sul. Sneijder fez de tudo, até gol. O artilheiro Kuit também mostrou que craque faz a diferença.
A Espanha, campeã do mundo, jogou contra a Colômbia numa partida que não teve nada de amistosa. Disputadíssima até o último minuto, com o goleiro Casillas fazendo grandes defesas. A vitória espanhola foi graças aos seus craques baixinhos.
Contra a França, a única esperança brasileira de luz em campo virou, infelizmente, uma explosão de jiu jitsu, apesar do fato não comprometer o talento indiscutível de Hernanes. E sem o craque, ficamos mais uma vez refém da farsa de Robinho.
Eu sei que hoje é fácil para muitos perceberem a ineficiência e mediocridade do ex-menino da Vila. Mas faço questão de lembrar que quando eu apontei a mentira midiática, o jogo de marketing em torno dele, fiquei sozinho na crítica.

Robinho é o símbolo da nossa crise de craques, o estigma dos retumbantes fracassos do futebol tupiniquim nas Copas e nas Olimpíadas, um cara que envelheceu jogando mal e se mantendo na mídia como uma eterna promessa que jamais vingou.

Ontem, também, o melhor time do Brasil na atualidade, o Fluminense, mostrou que a bola nacional só rola bem no ambiente doméstico, emulada no imaginário do torcedor por TVs em busca de audiência. Sem craques, o futebol jeca não consegue entrar no túnel das fronteiras.
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3 comentários:

Gustavo Lucena disse...

Ontem caguei p/ a propalada "Revanche" entre a selecinha da cbf e a França.

Aliás, tenho cagado para ela desde muito tempo.

Adoro Copa do Mundo, mas meu entusiasmo é restrito as outras seleções.

Só voltarei a torcer para essa selecinha no dia em que Ricardo Teixeira vazar da cbf.

Não me identifico nem um pouco com o pachequismo cretino promovido pela Globo.

Aliás v6 notaram que, ao invés de falar "Seleção Brasileira", a Vênus Platina anuncia "Nossa Seleção"?

Expressão mais dúbia, impossível.

Não sinto tesão algum por esse aglomerado formado por euro-brasileiros, muitos dos quais nunca disputaram uma partida de Copa do Brasil ou mesmo Campeonato Estadual. Aliás, a sede da selecinha da cbf é em Londres e não no Maracanã.

Não a pena torcer por um time cuja entidade tem agido para levar os clubes a falência, impedindo a criação de uma liga de clubes forte, impedindo que os clubes brasileiros divulguem suas marcas no exterior, impedindo que as nossas competições sejam superavitárias.

Não vale a pena torcer para uma selecinha que pertence a uma entidade que sempre que pode faz de tudo p/ prejudicar clubes como o nosso ABC.

fernando disse...

O autor do texto acha o kuit um craque de futebol? se acha parem o mundo que eu quero decer!

Diego Ivan disse...

Amigos, nem a Kuat chega a ser um refrigerante que preste.

O autor do texto mirou no que viu e acertou no que não viu.

É clara a decadência do futebol brasileiro. Se não fosse um Kaká no Real Madrid, onde mais encontraríamos um protagonista brasileiro na Europa. Não tem. E olhe que eu não suporto o Kaká, nem acho que ele jogue essa bola toda.

Agora, o fato inegável é que vivemos uma entressafra, isso mesmo. Duas décadas de ouro no nosso futebol acabou. Ganhamos quase tudo, faltou apenas a Olimpíada. E olhe que tecnicamente essa geração era muito limitada. Senão vejamos:

De 1990 até 2010, ganhamos duas Copas do Mundo(1994 e 2002) e chegamos a uma final(1998).

Ganhamos 4 Copa América (1997 1999 2004 e 2007).

Ganhamos 3 Copa das Confederações (1997, 2005 e 2009).

O fato é que essa faze é difícil mesmo. Outro Romário e Ronaldo não surgirão facilmente, se isso acontecer é melhor, enquanto isso falsos brilhantes irão tomar conta.

Robinho capitão da Seleção Brasileira foi ridículo.

É isso. Temos que esperar.

Agora, Kuit, Rossi, Klose e Cassillas, craques? Se forem, eu não sei mais o que craque significa.

Abraços!!!