sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O amado do Futebol

Negão Alberi no grande JL.
Aconteceu que no começo de março de 1969 a minha família se transferiu da cidade de Caicó na região do Seridó lugar que venero até hoje para a nossa capital, ainda uma cidade provinciana. Pois bem, aqui chegando fomos morar pertinho do estádio Juvenal Lamartine à época a nossa melhor praça de esportes. Foi ali naquele campinho acanhado que vivi as maiores emoções futebolísticas de minha vida. Foi o meu primeiro contato com atletas profissionais de futebol. Aquele futebol rudimentar (se comparado com o que se pratica hoje) encheu de alegria os meus olhos de adolescente, com jogadas fantásticas que persistem em manterem-se vivas, na memória de um homem maduro que já descamba com certa pressa para a velhice. Por coincidência também naquele ano chegava à Natal um crioulo alto um pouco desengonçado, ainda jovem, que passaria o que comprovou-se com o tempo, a ser a maior contratação em termos técnicos de um jogador de outro estado feita por um clube da nossa cidade. Chamava-se Alberi Ferreira de Matos, adquirido junto ao Santa Cruz pernambucano, clube do Recife. 

Alberi em 2006 durante a inauguração do Frasqueirão
Desde os primeiros jogos, feitos por esse atleta nos gramados potiguares percebeu-se que se tratava de um indivíduo diferenciado daqueles que parece que um poderoso e atenta anjo da guarda caminhava e corria sempre ao seu lado na consecução das suas magistrais e decisivas jogadas. Em poucos anos já era considerado um dos melhores jogadores do Nordeste brasileiro. É tanto que no ano de 1972, ano que o ABC Futebol Clube participou do primeiro Campeonato Nacional, Alberi ganhou a bola de prata - prêmio conferido pela revista Placar - pois foi considerado pela imprensa esportiva o melhor jogador brasileiro na posição daquele ano. Realmente era um jogador completo com habilidade com ambas as pernas. Zagalo que era técnico do Flamengo naquele ano comprovou na prática esta citada habilidade...

Alberi apaixonou-se pela torcida do ABC. Deu-lhe como prova desta afinidade o tetra campeonato dos anos 1970, 1971, 1972 e 1973. Foi depois de Jorginho, outro monstro sagrado da história do mais querido, o jogador mais consagrado a amado pela frasqueira. É patrimônio do Estádio Maria Lamas Farache, o Frasqueirão.

Apesar do amor que nutria pelo ABC não encontrou empecilho, já que era um profissional de futebol, para jogar dois anos pelo seu principal rival o América F.C., tendo por esta agremiação se sagrado campeão no ano de 1977. Também foi campeão paraibano pelo time do Campinense da cidade de Campina Grande. Jogou ainda três anos pelo meu querido verdão o Alecrim Futebol Clube (!979,1980 e 19810). Outros Clubes: Rio Negro – Manaus, Sergipe, Icasa - Ceará, Baraúnas - Mossoró do RN. Quando parou de jogar certamente ainda tinha alguma lenha para queimar, mas ele em confidência a amigos falou que algumas pessoas já o consideravam um velho. Resolveu parar...

Aqui ficam dois detalhes que marcam Alberi como o maior jogador do nosso Estado e um dos maiores do futebol brasileiro, numa época em que o nosso céu futebolístico, era muito estrelado formando uma imensa constelação de craques:

1º Alberi quando foi escolhido o melhor da posição no campeonato brasileiro, dividiu aquela honraria com jogadores de alto nível, como: Leão (goleiro do Palmeiras), assim como, do mesmo time, o excepcional Ademir da Guia, Marinho Chagas (ex. ABC) que pertencia ao botafogo, Piaza (volante do Cruzeiro e da Seleção Brasileira), o sensacional zagueiro do Internacional de Porto Alegre, Elias Figueiroa e o envolvente atacante do Flamengo, Paulo César Caju. Pelo visto, o nosso Alberí estava muito bem acompanhado.

2º O negão Alberi como era carinhosamente conhecido pela torcida do ABC mesmo sem ser centro-avante foi artilheiro em dois campeonatos em 1971 com 16 gols, e, em 1972 com 10 gols. 

Então contra fatos não existem argumentos... E este semi deus do futebol foi sem dúvidas ungido pelos maestros dos esportes das ambiências mais elevadas. E o bom, amigos, é que na sua simplicidade Alberi nem percebeu stas preferências advindas dos lados do etéreo. Que Deus O conserve! 

Natal-RN, 21 de janeiro de 2011.
Gibson Azevedo Costa

PS. Uma adaptação deste texto foi publicado no Jornal de Hoje do ultimo sábado(22). 
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