segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Calendário de Competições do Futebol Brasileiro - parte 2: Séries C e D, problemas e soluções

Depois de uma longa e tenebrosa ausência (graças ao Natal, Ano Novo, etc), volto onde parei, ou seja, falar sobre o calendário do futebol brasileiro.

O ABC voltou a ativa, está em plena pré-temporada. Diego Ivan está acompanhando os preparativos do time com mais afinco, por isso acho que posso continuar destrinchando sobre esse tema tão palpitante que é o calendário do futebol brasileiro.

Sem mais delongas, passo a falar sobre os principais problemas do calendário do futebol brasileiro e além disso trago algumas soluções.

Hoje falarei sobre as Séries C e D do Campenato Brasileiro, seus problemas e possíveis soluções.

O calendário do futebol brasileiro sempre foi motivo de queixa de clubes e da grande mídia.

Em 2003 a imprensa celebrou a adoção do Brasileiro por pontos corridos achando que o calendário estava definitavemente consolidado.

Na verdade foi uma verdadeira cortina de fumaça e um cala-a-boca para camuflar a total incompetência e incapacidade da cbf em organizar um calendário decente.

Naquela ocasião apenas 24 clubes tiveram calendário fechado para a temporada inteira. O nosso ABC, p.ex., jogou apenas 3 meses ao logo do ano. Inclusive a Série C foi formatada de maneira tão absurda que só iniciou ao término da 1ª fase da Série B. E o time do ABC foi praticamente o mesmo que o rouge utilizara na Série B, pois este havia encerrado a participação.

Chegamos a 2011 e velhos problemas continuam, apesar do ABC ter dado a volta por cima e hoje ter um calendário fechado até novembro, já que a Série B passou a ser disputada em pontos corridos.

O maior problema do calendário do futebol brasileiro sem sombra de dúvidas é o fato de que as Séries C e D continuam abandonadas após o golpe de 2003*.

A cbf adotou um sistema ingrato. Apenas a elite tem direito a jogar ao longo da temporada. Os demais clubes que se explodam, acumulando prejuízos da interrupção abrupta de suas atividades.

Como falamos anteriormente, enquanto esteve fora da Série B, o ABC passou 2 temporadas sem atuar por um semestre inteiro (2004 e 2006), em outras 2 jogou os 2 semestres, mas no somatório dos meses não alcançou 1 semestre sequer (2003 e 2005) e em outras 2 só jogou até o fim da temporada por que montou times fortes que foram capazes de levar o Mais Querido as fases finais (2007 e 2010).

A Série C hoje possui apenas 20 clubes e já poderia adotar um sistema de disputa que propiciasse atividades até o fim do ano. Não é o que acontece. A Série D então, reduzida a míseros 40 clubes nem se fala.

A solução óbvia para a Série C é adotar o mesmo sistema de disputa das Séries A e B, a cbf tem grana para bancar tal mudança, falta coragem aos clubes e federações pressionarem a madrasta. Uma solução simples seria fazer o atual presidente da cbf desaparecer da face da Terra.

Quanto a Série D, a situação é um tanto complexa. É óbvio que a competição não pode ser restrita a 40 clubes. Mas também é claro e evidente que vários clubes ditos profissionais não tem a mínima condição de disputar a competição. O RN é o melhor exemplo disso, pois sempre quando um clube que não seja o ABC ou o rouge obtém índice técnico para disputar a Série D ele refuga, salvo se tiver ajuda da cbf. E por conta desse comportamento varzeano é que clubes de maior porte acabam sendo prejudicados. Em 2009 o Clube do Remo foi alijado da Série D e ao mesmo tempo o ASSU desistiu de disputar a competição.

A solução para a Série D seria a cbf em conjunto com as federações fazer uma seleção de clubes realmente profissionais em cada um dos estados mediante a adoção de critérios mínimos p/ disputar a competição.

Como falei em colunas anteriores, sou a favor da limitação do n. º de clubes profissionais no Brasil. É o que acontece na Europa, sendo que lá o futebol amador também possui um calendário adequado aos clubes que possuem tal qualificação.

O futebol brasileiro poderia comportar um número X de clubes profissionais que disputariam competições até o fim do ano.

A Série D com isso adotaria um sistema de disputa mais alongado, de forma a propiciar aos clubes calendário fechado durante toda a temporada.

Para agradar a turma que ficou de fora do bolo, seria criado um calendário de competições para o futebol amador, em caráter nacional, tipo uma Copa Brasil de futebol amador.

Mas tal qual a Série C, para que isso ocorra seria necessário que clubes e federações pressionem a cbf, porém a opção mais fácil é enviar o imperador para Marte somente com passagem de ida.

Gustavo Lucena

*Em 2003 a cbf deu um tremendo golpe nos clubes brasileiros ao impor um calendário em que extinguiu o Campeonato do Nordeste e outros regionais. Além disso, bloqueou quaisquer possibilidade de ligas formadas por clubes organizarem as competições nacionais. Isso deixou os clubes mais pobres e frágeis e ao mesmo tempo a cbf ficou bilionária, pois ela é quem negociava diretamente com os patrocinadores e as cotas de TV.
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1 comentários:

Diego Ivan disse...

Gustavo, discutir isso no Brasil é discutir o sexo dos anjos.

A minha proposta seria a mesma que a Inglesa, ou seja, os Estaduais seriam nada mais nada menos que uma divisões amadores ou semiprofissionais.

Qualquer outra coisa, é mera balela.

Depois nós discutimos isso num podcast...