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"Acho muito difícil o interior surpreender esse ano" |
Edmo Sinedino, Ex-jogador e agora
comentarista esportiva, tem uma visão bastante crítica sobre a forma que a
imprensa trata o futebol “Não posso negar
que existem sim alguns “profissionais” que se deixar levar pela paixão e falam
muitas bobagen” diz o analista sobre a imprensa local. Edmo fala também
sobre Campeonato Potiguar, Série B, Campeonato do Nordeste, CBF, Copa do Mundo,
futebol de base muito mais. Confiram:
Papo Alvinegro - O Campeonato Potiguar 2012 teve uma excelente festa
de lançamento, mas o que se viu foi um fracasso da competição em relação a
presença de público – que teve uma média abaixo de 2 mil torcedores. A que se
deve esse fracasso?
Edmo Sinedino - Infelizmente, isso é fato, o povo potiguar criou uma espécie de ojeriza
ao nosso campeonato. Nada que se faça consegue atrair, e olha que tivemos
ótimos jogos no primeiro tempo. Ainda acho que os anos de atraso e falta de
credibilidade que tivemos com administrações de ex-presidentes – Nilson Gomes,
Pio Marinheiro – têm muita influência para que continuemos com essa média
baixa. Mas confio, sou otimista, de que as coisas possam melhorar.
P. A - ABC e América foram, inegavelmente,
as equipes que mais investiram em contratação a exemplo de jogadores como
Soares, Junior Xuxa, Cléber, Raul, Washington e Alisson e estão nas primeiras posições
na classificação geral do Potiguar 2012. O título deverá mesmo fica na capital
ou Baraúnas ou Santa Cruz podem surpreender?
E. S - Acho muito difícil que uma equipe do interior, esse ano, possa
surpreender. ABC e América ainda são os candidatos mais fortes na disputa. E
acho que o vencedor de domingo ganha o segundo turno, e se esse vencedor for o
ABC, ele ganha o campeonato.
P .A - Você teve passagem, na época
de jogador, por vários clubes. Um desses times foi o Alecrim que já teve
grandes glórias com o bicampeonato nos anos 80, contudo a equipe alviverde vem,
já a alguma tempo, passando maus momentos no Estadual. Qual a diferença do
alecrim dos anos 80 para o atual?
E. S - Sem se igualar a ABC e América, nos anos 80 o Alecrim ainda contava com
um bom número de empresários abnegados e torcedores, ainda havia a mística da
camisa alviverde e notadamente no ano de 1985, dois irmãos – Tarcísio e Flávio
Ribeiro – fizeram um grande investimento e o time verde montou um grande grupo
de jogadores. Hoje, infelizmente, ninguém mais coloca dinheiro no futebol para
não ter retorno. É essa a diferença.
P. A - Sobre as competições nacionais
qual a expectativa da participação de ABC e América na Série B do Brasileirão?
Qual seu palpite sobre a posição dessas equipes?
E. S - Isso tudo fica na dependência de vários fatores. Quem será o campeão.
Quantas mudanças ainda vão ocorrer nas equipes, tudo, tudo mesmo ditado pelo
grande escravagista do futebol: o resultado. Do jeito que está os dois clubes
hoje, acho, cada um vai ter que
contratar oito ou dez jogadores melhores qualificados que os que estão aí para
conseguir garantir uma boa participação.
P.A - O América vai jogar no
Nazarenão ou a CBF deverá marcar os jogos da equipe rubra no Frasqueirão?
E. S - As coisas estão se complicando para o lado do América. As arquibancadas
móveis, admitidas pela CBF são muito caras; não existe acordo para jogar no
Frasqueirão, sinceramente é muito preocupante a situação do clube. Acho que a
CBF vai intervir para que o time rubro possa jogar, mas de comum acordo com o
ABC, no Frasqueirão.
P. A - Focando mais o ABC, o elenco
desse ano é melhor do que o do ano passado?
E. S - Não. O ano passado o ABC tinha um grande time e um plantel pequeno,
limitado, e não classificou porque errou nos reforços. Esse ano o ABC ainda precisa
de reforços para montar esse time que, ano passado, já estava pronto.
P. A - Em 2013 a CBF promete
organizar o Campeonato do Nordeste. O Rio Grande do Norte tem duas vagas com o
ABC já classificado de forma antecipada. Qual a importância dessa competição?
E. S - Essa competição já foi tão importante que Ricardo Teixeira ficou com
medo e mandou acabar. Hoje, tudo depende do interesse e do compromisso dos
clubes participantes. Se fizerem como na última edição, escalando times
reservas e não dando atenção, será apenas mais
um “caça-níquel”, mas se todos se juntarem e assumirem um compromisso de
fazê-la grande, aí sim teremos mais uma grande opção para melhorar e estruturar
nosso clubes.
P. A - Qual interesse da CBF em não
mais deixar a Liga do Nordeste organizar a competição regional?
E. S - Porque a competição estava, como já disse agora a pouco, ganhando
força, e a CBF teve medo que os clubes “aprendessem a andar com as próprias
pernas” e tirassem a canga, realizando-a sem precisar da “madrasta”.
P. A - As federações sempre
estiveram alinhadas ao discurso de Ricardo Teixeira e talvez por medo de
retaliações. Teixeira deixou o cargo e Marin assumiu no lugar dele. O que essa mudança
na CBF irá refletir no futebol local?
E. S - Eu acho que o futebol local e de todo Nordeste tem uma grande oportunidade
de se fazer representar bem mais que antes. Mas para isso é preciso que os
dirigentes se unam para brigar por um bolo inteiro, que beneficie a todos, mas
infelizmente vão aparecer as barganhas e arrumados. Só acredito em mudança real
no futebol do Brasil quando clubes, jogadores, imprensa, dirigentes de clubes,
todos, todos possam votar para escolher o presidente. E se anulando de uma vez
por todas qualquer oportunidade de reeleição.
P. A - Edmo torce pela Copa do Mundo
em Natal? E você acredita que ela será realizada em Natal?
E. S - No começo, meio reticente, mas acredito que sim. Só não vamos ter todos
os benefícios que nos prometeram. E aproveito para dizer que a derrubada do
Machadão foi um grande equívoco.
P. A - Já faz algum tempo que você
está trabalhando na mídia esportiva. A sua experiência com jogador facilita sua
vida com analista esportiva?
E. S - E muito. Claro que tive que procurar aprender muito mais, e a gente
aprende todo dia, mas ajuda demais. Dá para sacar melhor as pretensões de
técnicos e jogadores, e dar para perdoar ou não, os erros de treinadores e
jogadores. A convivência com muitos técnicos e outros jogadores me ajudaram
muito a compreender esquemas táticos, posicionamentos, e mudanças que ocorrem
durante uma partida, entre muitas outras coisas.
P. A - E como você avalia a imprensa
esportiva local? Existe perseguição a algum clube?
E. S - Não posso negar que existem sim alguns “profissionais” que se deixar
levar pela paixão e falam muitas bobagens, e fazem bobagens também. Isso
prejudica demais ABC e América, principalmente, mas o pior são os que vivem à
serviço de um e de outro. Me perdoem, mas não sei falar do tema para fugir ou para ser corporativista, mas hoje, infelizmente,
sem qualquer qualificação um cara é colocado para falar de futebol. Já era
assim antes no rádio, mas muito menos que hoje.
P. A - Conhecia o blog Papo
Alvinegro? Como avalia esse blog feito por ABCdistas?
E. S - Conhecia, sempre acesso e gosto das informações, da linha editorial
democrática e da versatilidade. Muitas informações. Vocês estão de parabéns.
P. A - Gostaria muito de agradecer
pela oportunidade de podê-lo entrevista. Abro espaço para mais alguma
coisa que você queira acrescentar.
E. S - Queria aproveitar esse espaço dos abcdistas para pedir que houvesse uma
conscientização maior entre os formadores de opinião para cobrar de nossos
dirigentes, de nossos técnicos, e até mesmo da torcida em geral um tratamento
mais respeitoso para os jovens valores, e além disso, mais oportunidades para
que eles possam atuar, e quando em ação, apoio da torcida. O nosso futebol só vai crescer de verdade no dia que
todo mundo entender a importância do jogador feito em casa. É isso, obrigado a
vocês, e foi um imenso prazer.